A fístula liquórica é definida como o extravasamento do líquido que envolve o cérebro (líquor)para a cavidade nasal. Para que isto ocorra, é necessário que exista um defeito no osso que separa o nariz do cérebro e a ruptura das meninges. Por se tratar de uma quebra de barreira entre um ambiente contaminado ( nariz) e um estéril ( cérebro) sua correção é imperativa, uma vez que até 50% dos pacientes não tratados apresentará de meningite ou abcesso cerebral.

     A causas mais comum de fístula liquórica é o trauma craniano, responsável por mais de 50% dos casos. Tumores de base crânio, cirurgias nasais ou cerebrais, malformações congênitas e fístulas espontâneas são outras possíveis causas.

     O principal sintoma é o corrimento nasal unilateral ( por somente uma narina). Muitas vezes confundido com rinite, o líquor tem aspecto límpido como a água. O corrimento nasal costuma aumentar com manobras que aumentem a pressão intra-craniana, como tossir, espirrar ou assoar o nariz. Eventualmente pode não haver corrimento nasal. Nesses casos o paciente pode apresentar meningites recorrentes.

     Nos casos de fístulas liquóricas traumáticas agudas o tratamento pode ser conservador. Repouso no leito, cabeceira elevada e a colocação de um dreno lombar são efetivos em mais de 70% dos pacientes nos primeiros 7 dias. Após a primeira semana de tratamento conservador, caso haja persistência da fístula, o risco de meningite aumenta de 3% para 23%, motivo pelo qual indicamos a correção cirúrgica.

     A correção cirúrgica do defeito ósseo pode ser feita por via nasal ou intracraniana. A cirurgia endoscópica nasossinusal (realizada por vídeo, através das narinas) é o tratamento de escolha, sendo efetiva em aproximadamente 95% dos casos. Apresenta vantagens significativas como menor índice de náuseas, vômitos e dor cabeça, menor tempo de hospitalização e menor risco de perda definitiva do olfato.