O olfato é o primeiro sentido desenvolvido embriologicamente. Além de ser importante para identificar sinais de perigo, como em casos de incêndio ou vazamento de gás, está intimamente ligado a uma boa qualidade de vida, permitindo a percepção de perfumes e contribuindo para aproximadamente 80% do sabor dos alimentos.
Alterações do olfato são frequentes, ocorrendo em cerca de 50% da populacão entre 65 e 80 anos e em aproximadamente 75% das pessoas acima de 80 anos. Em alguns casos pode ser um sinal precoce de desordens neurológicas como nas Doenças de Pakinson e Alzheimer.
A anosmia e a hiposmia são, respectivamente, a perda e a redução do olfato. A hiperosmia corresponde ao aumento da olfação e a cacosmia é a sensação de odores desagradáveis. A parosmia ou disosmia significam distorção do olfato, e a fantosmia é a percepção de odores que não existem.
Dentre as possíveis causas, em mais de 60% dos pacientes a hiposmia ou a anosmia tem origem na cavidade nasal, secundária a infecções, traumatismos ou doenças inflamatórias como rinite alérgica e polipose nasal. Outras causas de alterações olfatórias são doenças neurológicas, tumores, envelhecimento, gestação, doenças metabólicas, exposição a agentes tóxicos, uso de medicamentos, cirurgias prévias e doenças psiquiátricas. Em aproximadamente 20% dos casos nenhuma causa é identificada.
Além de uma anamnese detalhada, a investigação do paciente inclui a endoscopia nasal, que permite a identificação das principais doenças nasais, exame de imagem neurológico (tomografia e ou ressonância) e exames laboratoriais. O tratamento deve ser individualizado e baseado na doença de base. A plena recuperação do olfato e a melhora da qualidade vida são os objetivos do tratamento.
Afonso Ravanello Mariante
Otorrinolaringologista
Porto Alegre, RS